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Borderline

O transtorno de personalidade borderline é definido por um padrão amplo de instabilidade e sensibilidade excessiva nos relacionamentos interpessoais, instabilidade na percepção de si mesmo, variações intensas de humor e comportamento impulsivo. O diagnóstico é baseado em critérios clínicos. Os sintomas comuns da síndrome de borderline englobam instabilidade emocional, ligada à impulsividade, insegurança e dificuldades nas relações sociais, juntamente com um profundo sentimento de vazio. Indivíduos com esse transtorno frequentemente têm dificuldade em lidar com a solidão, podendo experimentar medo intenso ou raiva quando se sentem abandonados ou desconsiderados.

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Comportamentos autodestrutivos, como automutilação, e pensamentos ou ações suicidas são comuns. Muitas pessoas com esse transtorno se ferem deliberadamente para sentir dor. Não é incomum ouvir relatos como "a dor física é preferível à dor emocional". As emoções são intensas e podem escapar do controle, resultando em episódios de afeto extremo, fúria intensa ou desvalorização de si mesmo. As paixões são intensas, porém passageiras.

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Devido ao intenso apego às pessoas queridas, os indivíduos com borderline tendem a depositar nelas todo o seu amor, afeto e dependência. Pessoas afetadas por esse transtorno frequentemente têm dificuldade em discernir entre o que é certo e errado, e tendem a mentir com frequência, muitas vezes por puro prazer. Sentimentos intensos de raiva ou ódio, sem motivo aparente, são difíceis de controlar. O vazio emocional e o tédio são comuns, assim como tentativas ou ameaças de suicídio e automutilação. Os relacionamentos são frequentemente instáveis e intensos, alternando entre amor e ódio, bem e mal.

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O borderline não é consciente e está associado a alterações químicas no cérebro que afetam as redes neurais. Situando-se na fronteira entre a neurose e a psicose, a intensidade desse transtorno pode requerer intervenção medicamentosa, aliada a acompanhamento psicológico para investigar suas origens, que podem estar relacionadas a experiências na infância e até mesmo à hereditariedade. Esta condição é considerada uma doença psicológica e psiquiátrica, desencadeando mudanças súbitas de comportamento, as quais podem ser extremas e impulsivas. Indivíduos com borderline podem alternar entre uma imensa euforia e sentimentos intensos de raiva, depressão ou ansiedade.

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Em casos de crises acompanhadas por paranoia intensa, é possível que cometam atos de violência física contra outras pessoas, como observado por profissionais da área médica. Uma característica proeminente desse transtorno é a tendência à idealização de algumas pessoas, oscilando entre um amor intenso e ódio. Alterações rápidas no humor, geralmente com duração de algumas horas e raramente ultrapassando alguns dias, são comuns, assim como sentimentos persistentes de vazio e dificuldades em controlar a raiva.

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Pensamentos temporários de paranoia ou sintomas dissociativos graves podem ser desencadeados por situações de estresse. No que diz respeito aos subtipos de borderline, podemos identificar duas categorias principais: o tipo explosivo e o tipo implosivo. O tipo explosivo se caracteriza por exibir sintomas intensos, frequentemente resultando em acessos de fúria e raiva de grande intensidade.

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Indivíduos com transtorno de personalidade borderline frequentemente se prejudicam, ameaçam a si mesmos ou exibem comportamento suicida. Além disso, demonstram flutuações no humor, irritabilidade, raiva, intensa ansiedade e um sentimento crônico de vazio que pode ser angustiante. O borderline pode estar associado a outras condições coexistentes, como depressão e ansiedade, e é comumente confundido com transtorno bipolar e esquizofrenia. Aqueles que sofrem da Síndrome de Borderline geralmente enfrentam desafios ao longo da vida, mantendo os mesmos padrões de comportamento em diferentes situações.

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Embora o Transtorno de Personalidade Borderline seja crônico, é possível controlá-lo e tratá-lo. Alguns dos gatilhos emocionais desse transtorno incluem sentimentos de vazio, medo de abandono, críticas e rejeição, reações emocionais extremas e comportamentos impulsivos. Além disso, a Terapia Dialética Comportamental (TDC), a prática de Mindfulness e técnicas de relaxamento são importantes no tratamento do transtorno.

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Comumente, o transtorno de personalidade borderline é erroneamente diagnosticado como outros transtornos, como o transtorno bipolar. Embora ambos os transtornos envolvam grandes flutuações no humor e comportamento, no borderline essas mudanças ocorrem rapidamente em resposta a estressores, especialmente os interpessoais, ao passo que no bipolar o humor é mais estável e menos reativo, acompanhado por significativas variações de energia e atividade.

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Pacientes com transtorno de personalidade histriônica ou narcisista podem ser confundidos com borderline, visto que buscam atenção e são manipuladores, porém, aqueles com borderline também têm uma autopercepção negativa e sentem um vazio interior. Alguns pacientes podem atender aos critérios do transtorno de personalidade antissocial.

Em contraste, transtornos depressivos e de ansiedade diferem do borderline devido à presença de autoimagem negativa, instabilidade nos relacionamentos e sensibilidade à rejeição, características distintivas do borderline que geralmente não estão presentes nos pacientes com transtornos de humor ou ansiedade.

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A determinação entre impulsividade e alterações acentuadas do humor, originadas do uso abusivo de substâncias ou do transtorno de personalidade borderline, pode ser desafiadora. No entanto, a presença de outros traços do transtorno de personalidade borderline (por exemplo, transtorno de identidade, instabilidade afetiva), especialmente durante períodos de sobriedade, auxilia na diferenciação dos dois transtornos.

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No caso do transtorno de estresse pós-traumático, embora muitos pacientes com transtorno de personalidade borderline tenham um histórico de trauma, os pacientes com transtorno de estresse pós-traumático apresentam sintomas recorrentes ligados à ré experimentar o evento traumático e aumento da excitação, que não são característicos do transtorno de personalidade borderline. A ocorrência simultânea dos dois transtornos é comum.

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O estresse durante a infância inicial pode ser um fator contribuinte para o surgimento do transtorno de personalidade borderline. Entre os indivíduos com esse transtorno, é comum encontrar histórias de abuso físico e sexual, negligência, separação dos cuidadores e/ou perda de um dos pais durante a infância. Alguns podem possuir uma predisposição genética para reações patológicas ao estresse ambiental, sugerindo um componente hereditário claro no transtorno de personalidade borderline. Os parentes de primeiro grau de pacientes com esse transtorno têm uma probabilidade cinco vezes maior de desenvolvê-lo em comparação com a população em geral.

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Quando se sentem abandonados ou negligenciados, os indivíduos com transtorno de personalidade borderline experimentam intensos sentimentos de medo ou raiva. Por exemplo, podem entrar em pânico ou ficar furiosos se alguém importante para eles se atrasa alguns minutos ou cancela um compromisso. Eles interpretam essas situações como prova de sua própria inadequação e temem o abandono, em parte, por medo da solidão. Esses pacientes tendem a alternar entre idealizar e desvalorizar outras pessoas de maneira abrupta e dramática.

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Incialmente, podem idolatrar um potencial cuidador ou parceiro, exigindo proximidade e compartilhamento íntimo. No entanto, subitamente, podem perceber falta de interesse por parte da outra pessoa, levando à desilusão e posterior desprezo ou irritação. Essa transição da idealização para a desvalorização reflete um padrão de pensamento maniqueísta, caracterizado pela divisão entre o bem e o mal. Embora possam demonstrar empatia e cuidado por alguém, é condicionado à disponibilidade contínua dessa pessoa quando necessitam.

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Os pacientes com transtorno de personalidade borderline enfrentam dificuldades no controle da raiva, frequentemente manifestando intensa irritabilidade e comportamentos inadequados. Podem expressar sua raiva através de sarcasmo afiado, amargura ou fala irritada.

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Os indivíduos que sofrem de transtorno de personalidade borderline também podem alterar drasticamente e de forma imprevisível sua autoimagem, evidenciada pela súbita mudança de objetivos, valores, opiniões, carreiras ou círculo de amizades. Em um momento, podem se sentir carentes e, logo em seguida, justificadamente furiosos por se sentirem maltratados. Apesar de muitas vezes se perceberem como maus, ocasionalmente experimentam um sentimento de inexistência total, especialmente quando não têm alguém que se preocupe com eles. Sentem frequentemente um vazio interior. As flutuações de humor, como intensa disforia, irritabilidade e ansiedade, tendem a ser breves, durando apenas algumas horas e raramente ultrapassando alguns dias; essas mudanças podem refletir uma extrema sensibilidade às tensões nas relações interpessoais.

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Pacientes com transtorno de personalidade borderline frequentemente se autossabotam quando estão prestes a atingir um objetivo. Por exemplo, podem desistir dos estudos pouco antes da formatura ou arruinar um relacionamento promissor. A impulsividade que leva à automutilação é comum nesses casos. Eles podem se envolver em comportamentos de risco, como jogos de azar, práticas sexuais inseguras, compulsão alimentar, condução imprudente, abuso de substâncias ou gastos excessivos. Comportamentos suicidas, gestos, ameaças e automutilação, como cortes ou queimaduras, são frequentes. Além disso, os sintomas devem ter acontecido no início da idade adulta, mas também podem ocorrer durante a adolescência.

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Embora muitas dessas ações autodestrutivas não tenham a intenção de resultar em morte, o risco de suicídio é 40 vezes maior nesses pacientes do que na população em geral. Aproximadamente de 8 a 10% desses pacientes morrem por suicídio. Esses comportamentos autodestrutivos são frequentemente desencadeados por sentimento de rejeição, medo de abandono ou desilusão com um cuidador ou parceiro. Os pacientes podem usar a automutilação como forma de lidar com seu comportamento negativo, reafirmar sua capacidade de sentir durante crises dissociativas ou desviar a atenção de emoções dolorosas. Episódios dissociativos, pensamentos paranoicos e, eventualmente, sintomas de caráter psicótico, como alucinações e ideias delirantes, podem ser desencadeados por situações estressantes.

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Geralmente, o medo de ser abandonado, seja ele concreto ou apenas uma percepção, pode se manifestar. Esses sintomas tendem a ser transitórios e, na maioria das vezes, não são intensos o suficiente para serem classificados como um transtorno à parte. Para a maioria dos indivíduos, os sintomas dissociativos tendem a reduzir com o passar do tempo, apresentando uma baixa taxa de recorrência. Entretanto, a melhora no funcionamento geral costuma ser menos significativa do que a redução dos sintomas.

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Os 4 tipos de transtorno de personalidade borderline (TPB) são:

  1. Borderline impulsivo: caracterizado por comportamentos impulsivos e autolesivos, como abuso de substâncias, automutilação, tentativas de suicídio e conduta sexual de risco;

  2. Borderline petulante: os indivíduos apresentam comportamentos hostis, desafiadores e desrespeitosos em relação aos outros. Eles podem ser provocadores, argumentativos e agressivos;

  3. Borderline vazio: essas pessoas podem sentir-se vazias, desconectadas e sem sentido na vida. Elas podem ter dificuldade em formar relacionamentos significativos e podem sentir-se isoladas e solitárias;

  4. Borderline inseguro: essas pessoas podem ser excessivamente dependentes dos outros e têm dificuldade em tomar decisões. Elas podem ter medo de abandono e rejeição e podem se apegar a pessoas de forma excessiva e controladora.

 

FILME:

1. Borderline (2008)

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2. O Lado Bom da Vida (2012)

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3. Eu Sinto Muito (2019)

 

LIVROS:

Borderline. Criança Interrompida. Adulto Borderline

por Taty Ades e Dr. Eduardo Ferreira Santos.

​

Como Lidar com o Transtorno de Personalidade Limítrofe - Borderline: Guia Prático Para Familiares e Pacientes

por Martin Bohus, Markus Reicherzer, e outros.

​

Borderline - Da Aceitação à Libertação

por Taty Ades.

 

SINTOMAS MAIS COMUNS:

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. Instabilidade persistente nos relacionamentos, na autoimagem e nas emoções (isto é, desequilíbrio emocional), bem como acentuada impulsividade

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Esse padrão é caracterizado por ≥ 5 dos seguintes:

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. Esforços desesperados para evitar o abandono (real ou imaginado)

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. Relacionamentos intensos e instáveis que se alternam entre idealização e desvalorização da outra pessoa

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. Autoimagem ou senso do eu instável

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. Impulsividade em ≥ 2 áreas que pode prejudicá-los (p. ex., sexo inseguro, compulsão alimentar, dirigir de forma imprudente)

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. Comportamentos, gestos e/ou ameaças repetidos de suicídio ou automutilação

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. Mudanças rápidas no humor, normalmente durando apenas algumas horas e raramente mais do que alguns dias

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. Sentimentos persistentes de vazio

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. Raiva inadequadamente intensa ou problemas para controlar a raiva

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. Pensamentos paranoicos temporários ou sintomas dissociativos graves desencadeados por estresse.

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